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Revista PARADEIROS MANTIQUEIRA OnLine

A lenda de Amantyquir

  • Foto do escritor: Mauricio Brasilli
    Mauricio Brasilli
  • 11 de out. de 2016
  • 3 min de leitura

Amantyquir, a lenda indígena


Escondida no meio das montanhas, em um lugar nem tão longe daqui, vivia uma linda indiazinha, chamada Tilá-Tilá.

Sorriso largo, cabelos muito negros e uma voz de passarinho cantante! Diziam os mais velhos que ela era a menina mais linda que havia nascido por aquelas terras.

O que Tilá-Tilá mais gostava era de mergulhar nas águas geladas do rio. De tão bela, alguns diziam que era encantada: filha de onça, nascida do ventre de um peixe, feita do mel da lua...

Mas com ou sem encantamento, a menina nem podia ouvir falar em casamento! Saía correndo para o seu mundo escondido... Sentava-se à beira do rio e chorava: "Ai, rio, meu amigo... Ninguém me entende... Só você e as flores vermelhas. Todas as manhãs eu olho para cima e espero que o Sol apareça brilhando no céu! Ele vem grande e dourado secar meu corpo e me esquentar com seus braços de luz. Mas, na verdade, ele nem sabe que eu existo!" E choramingava, olhando para o céu.

O guerreiro de fogo realmente não havia notado a menina. Tanto trabalho para fazer nessa terra! Mas, num dia azul de primavera, quando o Sol fazia seu passeio por cima da aldeia, alguma coisa diferente fez seus olhos pararem por um instante. Em seu brilho mais comprido, refletido nas águas do rio, havia uma nova cor, diferente de todas as que ele tinha visto em seus milhares de anos de jovem Sol. Pele morena, sorriso triste... O Sol havia encontrado a indiazinha Tilá-Tilá! Ao ver o reflexo dela nas águas, foi enfeitiçado pela cor de sua beleza e apaixonado ficou!

Eram os dois mais lindo namorados! Todos os dias, quando a chuva se esquecia de visitar o mundo, o Sol vinha namorar a menina. Escolhia os ventos mais suaves, trazia a sua luz mais bonita para a indiazinha brincar.

Os índios da aldeia estavam preocupados e não entendiam mais nada! O Sol, de tão apaixonado, não conseguia mais ir embora do céu! Não deixava a Lua subir e assim, não havia mais noite na terra. Ninguém mais dormia, ninguém mais sonhava...

A Lua, amarelada de tristeza, cheia de ciúme e crescente de dor, resolveu pedir a Tupã, o poderoso Deus dos índios, um castigo para o Sol. Tupã, atendendo ao pedido da Lua, acordou 7 nuvens negras e 7 raios enraivecidos, que juntos escureceram todo o azul do céu. Com mãos de Deus, ele fez surgir da terra a montanha mais alta que já existiu. Pegou Tilá-Tilá e colocou a indiazinha dentro da montanha, apesar de seus choros e súplicas.

Agora o Sol estava longe, bem longe do seu amor. A menina, sozinha na escuridão, chorava desesperada de saudades da sua luz... De repente, em meio ao pranto sem fim, um arco-íris menino apontou no céu, colorindo o mundo e anunciando magia. Contam que, então, a índia encantada acabou se derretendo de amor. Misturada com as próprias lágrimas, ela renasceu rio e desceu as encostas das montanhas, molhando os vales, regando as plantas e matando a sede dos bichos e homens do lugar. A menina agora era rio... Rio Verde, Rio Passa Quatro, Rio Aiuruoca... Conta a Lenda que a menina encantada foi batizada de Amantikir, que significa "A Serra que Chora".

E à montanha onde ela renasceu, deram o nome de Mantiqueira.


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